
Ela não sabe dizer por que jogou a criança no espelho d'água. "Eu fui covarde em não ter ido junto", sentencia. Elisângela contou que vivia com o marido na mesma casa, apesar de estarem separados. Desde o fim do casamento, passou a sentir uma tristeza muito grande. Não procurou ajuda médica e falava desse sentimento apenas com a ex-sogra, a quem ela carinhosamente chama de "vó". E o que ela dizia? "Para eu seguir em frente. Que casamento acaba e eu precisava tocar minha vida".
Depois de sair de casa com dois dos três filhos, ela voltou e deixou Pedro (nome ficctício), de 4 anos, na porta da residênica. Pegou um ônibus até a Rodoviária do Plano e, de lá, seguiu para a Ponte JK. Perguntada sobre o por que não levou o outro filho, ela não soube responder. Disse, no entanto, estar arrependida. "Mas agora é tarde. Vou ter que pagar pelo meu crime", afirma.
Sofrimento
Os olhos de Elisângela estavam inchados. Ela disse que chorou muito desde o ocorrido. Sobre o que pensou após ter jogado o filho da ponte, ela resumiu: "Eu não pensei em nada, a minha cabeça estava vazinhinha. É como se eu olhasse para esta parede, visse esse tijolo e ele parasse dentro da minha cabeça. Eu não pensava em nada, nem em ninguém".
Perguntada sobre como ela acha que será a vida de agora em diante, Elisângela responde: "Solidão. Não quero ver ninguém, não quero falar com ninguém. Não tenho coragem de ver minha família".
O delegado da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) pedirá a prisão preventiva da mulher. Um laudo elaborado por psicóloga da Polícia Civil será anexado ao pedido.